Paginas

terça-feira, fevereiro 28, 2012

A História do IG

"Tudo era mantido no mais absoluto sigilo. Nem os funcionários sabiam qual seria o nome da empresa”, lembra Matinas Suzuki Jr. “O iG não foi apenas a criação de uma marca, foi um feito”, define Nizan Guanaes. “A proposta parecia coisa de louco”, conta Aleksandar Mandic. Mas deu certo. Muito certo.
 
 
O iG foi lançado em janeiro de 2000, e em dezembro do mesmo ano, era o portal mais acessado nos domicílios do País, de acordo com a Pesquisa Internet POP do Ibope. Contava com 4 milhões de contas de e-mails cadastradas e recebia 2,2 milhões de visitantes únicos em sua homepage – 22% dos internautas brasileiros, segundo a Media Metrix.
Dez anos depois, o iG contabiliza 7,5 milhões de contas de e-mail e tem audiência mensal de 22,9 milhões de visitantes únicos, de acordo com dados da Ibope Netratings. Diariamente, passam pela homepage do portal cerca de 763 mil visitantes – mais do que o dobro da circulação diária do maior jornal do País, com 297 mil exemplares, segundo o Instituto Verificador de Circulação (IVC).
Fundado pelos grupos GP Investimentos e Opportunity, e tendo como sócios fundadores o publicitário Nizan, o jornalista Matinas e Mandic, empresário da área de tecnologia e criador do primeiro e-mail brasileiro, o iG teve uma estratégia ousada e arriscada para entrar em um mercado altamente concentrado e competitivo: oferecer Internet Grátis.
O começo
Nos primeiros dias de janeiro, a equipe que produzia o iG decidiu antecipar o lançamento do provedor em dois meses. Rumores e uma reportagem da revista IstoÉ alertavam para a entrada eminente de provedores de acesso gratuito no mercado de internet. “Sabíamos que quem saísse primeiro com a ‘internet grátis’ iria levar uma vantagem competitiva enorme. Precisávamos lançar a marca, para guardar o nome e garantir o pioneirismo. Em meia hora de reunião resolvemos antecipar o projeto em dois meses. Era uma decisão que mexia com investimentos de US$ 150 milhões”, lembra Matinas.
Mandic recorda de outro ponto fundamental para o lançamento, o aluguel de linhas telefônicas do provedor Zipnet. “O iG não foi lançado antes, porque não tinha infraestrutura. Naquela época, as linhas telefônicas eram muito caras. Quando soube que o Zipnet estava à venda, sugeri que agregássemos a estrutura dele”, conta Mandic.
Na noite do dia 9 de janeiro, a homepage do iG estreou apenas com a ilustração de bonequinhos animados, fazendo polichinelo, e a mensagem “Estamos só aquecendo… Em março, um novo portal”. Dois meses depois, o portal foi ao ar, abrigando sites de parceiros e do iG, como o Babado e o Último Segundo, que estavam no ar desde o fim de 1999.
O lançamento foi marcado por uma série de comerciais em horário nobre com o ator Thiago Lacerda e a questão: se você não paga nada para assistir sua novela favorita, por que pagar para acessar a internet?. A resposta foi imediata: em menos de um mês, 500 mil pessoas se cadastraram como usuárias do iG – a expectativa da empresa era atingir a marca em um ano. “Havia uma demanda reprimida imensa. O mercado era extremamente carente”, avalia Mandic.
Matinas recorda o crescimento espantoso que o portal-provedor teve em 2000: “Em poucos meses o iG dobrou o números de usuários da internet, um crescimento de 100%. Muita gente estava do lado de fora querendo entrar na internet, só que não havia como. Essa foi a grande razão pela qual me entusiasmei pelo projeto: a possibilidade de mudar o cenário da internet no Brasil”.
Nizan nunca tinha trabalhado com internet, mas tinha experiência de sobra na área de publicidade e consolidação de marcas. “Conseguimos fazer com que as pessoas conhecessem a marca e gostassem dela em poucos meses, o que é um grande desafio para qualquer empresa. O sucesso veio por causa de uma boa campanha, mas mais do que isso: o iG sempre teve estratégia e visão de negócios muito fortes, que certamente ajudaram a empresa a crescer”, destaca. Outra marca registrada da empresa sairia da cabeça do publicitário: o cachorrinho do iG.
Velocidade de informação
Além de chacoalhar o mercado oferecendo acesso gratuito à internet, o iG também trouxe uma nova dinâmica para o jornalismo online. “Uma pesquisa nossa revelou que o internauta brasileiro queria ‘velocidade de informação’ na internet. Na época, descobrimos que o UOL publicava uma notícia nova a cada 35, 40 minutos – hoje isso parece pré-histórico (risos). Se o internauta queria velocidade de informação, estava tudo muito lento”, diz Matinas, presidente do iG até 2006.
O Último Segundo primeiro jornal feito especificamente para a internet no Brasil inovou na rapidez da informação. “Eu queria publicar uma notícia nova a cada 5 minutos. Quando fomos comprar um software de publicação nos EUA, nem os americanos entendiam por que precisávamos de algo tão rápido (risos). Ao fazer os testes para lançar o Último Segundo, vimos que era possível publicar uma notícia nova quase a cada minuto”, conta Matinas.
O iG havia adquirido os direitos para usar na internet o nome do jornal impresso Última Hora, criado pelo jornalista Samuel Wainer na década de 50 e fechado na década de 60. Matinas conta por que o nome não foi usado: “O jornal do iG iria se chamar Última Hora, mas pensamos que ‘uma hora’ para internet era um tempo longo demais mudamos para Último Minuto. Às vésperas do lançamento, percebemos que Último Segundo tinha tudo a ver com o conceito de velocidade”.
“O conceito de serviço gratuito – que é muito difundido na internet e uma das bases da gigante Google – e o conceito de velocidade de informação foram dois pontos pioneiros importantes que mudaram o panorama da internet brasileira”, afirma Matinas. Para o jornalista, o lançamento do Último Segundo modificou a maneira como o jornalismo online brasileiro era produzido. “Tudo teve que ser feito de uma maneira muito mais rápida.”
Inovação
Em 2001, o iG lançou o BliG, o primeiro serviço brasileiro de blogs. “A criação do BliG seguiu o conceito de democratização da internet. As pessoas aprendiam a navegar com o iG. Por isso, uma ferramenta em português permitiria que todos pudessem ter o seu blog, não só quem dominava o inglês”, avalia a editora executiva Alessandra Blanco.
No mesmo ano, o iG adquiriu o HPG, ferramenta de elaboração e publicação de sites bastante usada na época. Com o aumento da capacidade de publicação de conteúdo, centenas de páginas pessoais começaram a ser hospedadas no iG.
Em buscas de novas mídias, o iG lançou em 2003 o Último Segundo Informa no cinema, depois rebatizado de iG Informa. O boletim jornalístico em formato digital foi criado especialmente para ser exibido nas salas de cinema do Grupo Severiano Ribeiro antes dos filmes. Atualmente, o iG Informa está presente em 18 salas do grupo nas cidades de Porto Alegre, Curitiba, Goiânia, Campinas, Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro. Além de ser veiculado em aeroportos e drogarias.
Saindo novamente na frente, o iG foi o primeiro portal de internet a transmitir ao vivo o carnaval de Salvador e os desfiles da São Paulo Fashion Week, em 2005. Em 2008, o portal realizou o primeiro debate ao vivo da internet brasileira, entre candidatos à Prefeitura de São Paulo. Entre os convidados, estava Gilberto Kassab (DEM), atual prefeito da capital paulista.
O mundo é de quem faz
Após ser adquirido pela Brasil Telecom, em 2005, o iG iniciou uma fase voltada para a interação com o público. A campanha “O mundo é de quem faz” estimulava os internautas a participar, interagir e produzir conteúdo.
Dentro deste conceito, nasceu em 2006 o Minha Notícia, site de jornalismo colaborativo do iG. A contribuição do internauta, com relatos, fotos e vídeos, foi importante em coberturas jornalísticas como as enchentes em Santa Catarina, o buraco do metrô em São Paulo, o tremor de terra que atingiu a capital paulista e o caos aéreo no País.
No ano passado, mais uma ferramenta de interação foi lançada, a videomensagem. Estimulados pela redação do iG, que propõe temas de acordo com o noticiário, os internautas enviam seus depoimentos em vídeo para o portal, que abriga os arquivos como um YouTube temático.
Com a compra da Brasil Telecom pela Oi, realizada em 2008, o iG passou por um importante processo de fusão com a maior empresa de telecomunicações do País, em 2009. Nos últimos quatro meses, a empresa viveu um período de crescimento, expandiu sua equipe e abriu sucursais em Brasília e Rio de Janeiro.
Em novembro de 2009, os jornalistas da sucursal de Brasília deram um furo de reportagem ao publicar em primeira mão vídeos que mostravam o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, e políticos da sua administração recebendo dinheiro de suposta propina.

Um comentário:

Pedro disse...

Os jornalistas andam falando de mais, pena que nem todos eles tem um compromisso com a verdade, como é o caso do Arruda, só a Veja anda mostrando a verdade os demais jornais aqui do DF se calam diante dessa situação omitindo a verdade da população!