"Tudo era mantido no mais absoluto sigilo. Nem os funcionários sabiam
qual seria o nome da empresa”, lembra Matinas Suzuki Jr. “O iG não foi
apenas a criação de uma marca, foi um feito”, define Nizan Guanaes. “A
proposta parecia coisa de louco”, conta Aleksandar Mandic. Mas deu
certo. Muito certo.
O iG foi lançado em janeiro de 2000, e em dezembro do mesmo ano, era o
portal mais acessado nos domicílios do País, de acordo com a Pesquisa
Internet POP do Ibope. Contava com 4 milhões de contas de e-mails
cadastradas e recebia 2,2 milhões de visitantes únicos em sua homepage –
22% dos internautas brasileiros, segundo a Media Metrix.
Dez anos depois, o iG contabiliza 7,5 milhões de contas de e-mail e
tem audiência mensal de 22,9 milhões de visitantes únicos, de acordo com
dados da Ibope Netratings. Diariamente, passam pela homepage do portal
cerca de 763 mil visitantes – mais do que o dobro da circulação diária
do maior jornal do País, com 297 mil exemplares, segundo o Instituto
Verificador de Circulação (IVC).
Fundado pelos grupos GP Investimentos e Opportunity, e tendo como
sócios fundadores o publicitário Nizan, o jornalista Matinas e Mandic,
empresário da área de tecnologia e criador do primeiro e-mail
brasileiro, o iG teve uma estratégia ousada e arriscada para entrar em
um mercado altamente concentrado e competitivo: oferecer Internet
Grátis.
O começo
Nos primeiros dias de janeiro, a equipe que produzia o iG decidiu
antecipar o lançamento do provedor em dois meses. Rumores e uma
reportagem da revista IstoÉ alertavam para a entrada eminente de
provedores de acesso gratuito no mercado de internet. “Sabíamos que quem
saísse primeiro com a ‘internet grátis’ iria levar uma vantagem
competitiva enorme. Precisávamos lançar a marca, para guardar o nome e
garantir o pioneirismo. Em meia hora de reunião resolvemos antecipar o
projeto em dois meses. Era uma decisão que mexia com investimentos de
US$ 150 milhões”, lembra Matinas.
Mandic recorda de outro ponto fundamental para o lançamento, o
aluguel de linhas telefônicas do provedor Zipnet. “O iG não foi lançado
antes, porque não tinha infraestrutura. Naquela época, as linhas
telefônicas eram muito caras. Quando soube que o Zipnet estava à venda,
sugeri que agregássemos a estrutura dele”, conta Mandic.
Na noite do dia 9 de janeiro, a homepage do iG estreou apenas com a
ilustração de bonequinhos animados, fazendo polichinelo, e a mensagem
“Estamos só aquecendo… Em março, um novo portal”. Dois meses depois, o
portal foi ao ar, abrigando sites de parceiros e do iG, como o Babado e o
Último Segundo, que estavam no ar desde o fim de 1999.
O lançamento foi marcado por uma série de comerciais em horário nobre
com o ator Thiago Lacerda e a questão: se você não paga nada para
assistir sua novela favorita, por que pagar para acessar a internet?. A
resposta foi imediata: em menos de um mês, 500 mil pessoas se
cadastraram como usuárias do iG – a expectativa da empresa era atingir a
marca em um ano. “Havia uma demanda reprimida imensa. O mercado era
extremamente carente”, avalia Mandic.
Matinas recorda o crescimento espantoso que o portal-provedor teve em
2000: “Em poucos meses o iG dobrou o números de usuários da internet,
um crescimento de 100%. Muita gente estava do lado de fora querendo
entrar na internet, só que não havia como. Essa foi a grande razão pela
qual me entusiasmei pelo projeto: a possibilidade de mudar o cenário da
internet no Brasil”.
Nizan nunca tinha trabalhado com internet, mas tinha experiência de
sobra na área de publicidade e consolidação de marcas. “Conseguimos
fazer com que as pessoas conhecessem a marca e gostassem dela em poucos
meses, o que é um grande desafio para qualquer empresa. O sucesso veio
por causa de uma boa campanha, mas mais do que isso: o iG sempre teve
estratégia e visão de negócios muito fortes, que certamente ajudaram a
empresa a crescer”, destaca. Outra marca registrada da empresa sairia da
cabeça do publicitário: o cachorrinho do iG.
Velocidade de informação
Além de chacoalhar o mercado oferecendo acesso gratuito à internet, o
iG também trouxe uma nova dinâmica para o jornalismo online. “Uma
pesquisa nossa revelou que o internauta brasileiro queria ‘velocidade de
informação’ na internet. Na época, descobrimos que o UOL publicava uma
notícia nova a cada 35, 40 minutos – hoje isso parece pré-histórico
(risos). Se o internauta queria velocidade de informação, estava tudo
muito lento”, diz Matinas, presidente do iG até 2006.
O Último Segundo primeiro jornal feito especificamente para a
internet no Brasil inovou na rapidez da informação. “Eu queria publicar
uma notícia nova a cada 5 minutos. Quando fomos comprar um software de
publicação nos EUA, nem os americanos entendiam por que precisávamos de
algo tão rápido (risos). Ao fazer os testes para lançar o Último
Segundo, vimos que era possível publicar uma notícia nova quase a cada
minuto”, conta Matinas.
O iG havia adquirido os direitos para usar na internet o nome do
jornal impresso Última Hora, criado pelo jornalista Samuel Wainer na
década de 50 e fechado na década de 60. Matinas conta por que o nome não
foi usado: “O jornal do iG iria se chamar Última Hora, mas pensamos que
‘uma hora’ para internet era um tempo longo demais mudamos para Último
Minuto. Às vésperas do lançamento, percebemos que Último Segundo tinha
tudo a ver com o conceito de velocidade”.
“O conceito de serviço gratuito – que é muito difundido na internet e
uma das bases da gigante Google – e o conceito de velocidade de
informação foram dois pontos pioneiros importantes que mudaram o
panorama da internet brasileira”, afirma Matinas. Para o jornalista, o
lançamento do Último Segundo modificou a maneira como o jornalismo
online brasileiro era produzido. “Tudo teve que ser feito de uma maneira
muito mais rápida.”
Inovação
Em 2001, o iG lançou o BliG, o primeiro serviço brasileiro de blogs.
“A criação do BliG seguiu o conceito de democratização da internet. As
pessoas aprendiam a navegar com o iG. Por isso, uma ferramenta em
português permitiria que todos pudessem ter o seu blog, não só quem
dominava o inglês”, avalia a editora executiva Alessandra Blanco.
No mesmo ano, o iG adquiriu o HPG, ferramenta de elaboração e
publicação de sites bastante usada na época. Com o aumento da capacidade
de publicação de conteúdo, centenas de páginas pessoais começaram a ser
hospedadas no iG.
Em buscas de novas mídias, o iG lançou em 2003 o Último Segundo
Informa no cinema, depois rebatizado de iG Informa. O boletim
jornalístico em formato digital foi criado especialmente para ser
exibido nas salas de cinema do Grupo Severiano Ribeiro antes dos filmes.
Atualmente, o iG Informa está presente em 18 salas do grupo nas cidades
de Porto Alegre, Curitiba, Goiânia, Campinas, Brasília, São Paulo e Rio
de Janeiro. Além de ser veiculado em aeroportos e drogarias.
Saindo novamente na frente, o iG foi o primeiro portal de internet a
transmitir ao vivo o carnaval de Salvador e os desfiles da São Paulo
Fashion Week, em 2005. Em 2008, o portal realizou o primeiro debate ao
vivo da internet brasileira, entre candidatos à Prefeitura de São Paulo.
Entre os convidados, estava Gilberto Kassab (DEM), atual prefeito da
capital paulista.
O mundo é de quem faz
Após ser adquirido pela Brasil Telecom, em 2005, o iG iniciou uma
fase voltada para a interação com o público. A campanha “O mundo é de
quem faz” estimulava os internautas a participar, interagir e produzir
conteúdo.
Dentro deste conceito, nasceu em 2006 o Minha Notícia, site de
jornalismo colaborativo do iG. A contribuição do internauta, com
relatos, fotos e vídeos, foi importante em coberturas jornalísticas como
as enchentes em Santa Catarina, o buraco do metrô em São Paulo, o
tremor de terra que atingiu a capital paulista e o caos aéreo no País.
No ano passado, mais uma ferramenta de interação foi lançada, a
videomensagem. Estimulados pela redação do iG, que propõe temas de
acordo com o noticiário, os internautas enviam seus depoimentos em vídeo
para o portal, que abriga os arquivos como um YouTube temático.
Com a compra da Brasil Telecom pela Oi, realizada em 2008, o iG
passou por um importante processo de fusão com a maior empresa de
telecomunicações do País, em 2009. Nos últimos quatro meses, a empresa
viveu um período de crescimento, expandiu sua equipe e abriu sucursais
em Brasília e Rio de Janeiro.
Em novembro de 2009, os jornalistas da sucursal de Brasília deram um
furo de reportagem ao publicar em primeira mão vídeos que mostravam o
governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, e políticos da sua
administração recebendo dinheiro de suposta propina.
Um comentário:
Os jornalistas andam falando de mais, pena que nem todos eles tem um compromisso com a verdade, como é o caso do Arruda, só a Veja anda mostrando a verdade os demais jornais aqui do DF se calam diante dessa situação omitindo a verdade da população!
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